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17 setembro 2018

Salvos pela Graça! Mas não foi de graça!


PIB de Mangabeira - João Pessoa/PB 26/08/2018

Salvos pela Graça! Mas não foi de graça!

Instigante o tema escolhido para este mês dedicado aos Jovens. Logo que li lembrei-me de um pastor e teólogo alemão, Dietrich Bonhoeffer, que levantou sua voz contra a postura da igreja na Alemanha que estava passivamente calada ante as atrocidades cometidas por Hitler.

Dietrich falou sobre a diluição da Graça. Afirmou que a igreja de sua época, em vez de apresentar ao mundo a Preciosa Graça de Jesus, havia aderido a uma Graça Barata. Em seu livro, Discipulado, ele falou sobre como a salvação pela graça não pode ser desvinculada do discipulado cristão, sob pena de produzir um evangelho enfraquecido.

Hoje à noite quero guia-los pelo antigo caminho do Evangelho de Jesus e apresentar alguns aspectos da preciosa Graça de Deus e seu papel na maravilhosa salvação operada por Ele.

Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência. Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira. Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos. Ef. 2.1-10 (NVI)


Graça é presente que se recebe

Entre nós batistas é claro o entendimento de que a salvação é um presente gracioso de Deus. E ninguém paga por um presente, certo? Caso contrário deixaria de ser presente. Da mesma forma, a salvação é recebida sem contrapartidas, não custa nada para aquele que é salvo.

Ser gracioso é agir em benefício de alguém que nada fez para ser beneficiado. Se gracioso é ser a favor de alguém que é claramente contrário a você. Ser gracioso é recompensar alguém que não tem recompensas a receber. Portanto, quando as Escrituras nos dizem que fomos salvos pela Graça de Deus, ela está afirmando que fomos alcançados pelo favor imerecido de Deus.

De fato, a salvação começa em Deus, é uma iniciativa unilateral dele, cuja única motivação é o amor que ele tem por sua criação. Até mesmo a fé que brota em nossas almas é uma obra de Deus em nós, como afirma Paulo.


Primeiro a má notícia

Sabemos que o evangelho é a boa notícia da salvação, mas essa não é a primeira. Pular a primeira notícia dificulta nossa compreensão sobre como Deus age neste mundo. Mas qual é a primeira notícia? Vejamos o que dizem as Escrituras:

Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência. Ef. 2.1-3

A primeira notícia é que a humanidade vive em estado de desconexão de Deus. Essa desconexão é o resultado de nossa própria rebeldia contra Deus, da tola ilusão de que é possível construir uma boa vida por conta própria, fazendo nossas próprias regras. É o que Bíblia chama de pecado.

O mundo pode parecer bem vivo quando andamos pela cidade ou assistimos à TV, mas à parte de Deus nosso destino é a morte. É parecido com uma torneia que ainda jorra a água do cano, mas que em pouco tempo vai secar porque a caixa d’água que a alimenta foi desconectada.

A morte é o destino anunciado para quem vive sem receber a vida que vem de Deus. Veja o que as Escrituras falam sobre os que vivem desconectados de Deus, bebendo as últimas gotas do cano.

Não há ninguém vivendo como deve, nem um sequer;
ninguém entende, ninguém presta atenção em Deus.
Todos eles erraram o caminho;
todos estão vagueando sem rumo.
Ninguém está vivendo da maneira correta,
e não creio que há quem o consiga.
A garganta deles é um túmulo aberto,
e a língua, escorregadia para enganar.
Cada palavra que pronunciam está impregnada de veneno.
Eles abrem a boca e empesteiam o ar.
São eternos concorrentes ao prêmio de “pecador do ano”
e emporcalham a terra com sofrimento e ruína.
Não fazem a menor ideia do que seja viver em comunidade.
Eles passam por Deus e o ignoram.

Vejam bem, meu amigo, enquanto você não admitir que tem tentado sem sucesso viver a vida por contra própria, fazendo suas próprias regras... e enquanto não reconhecer a situação de morte em que você se encontra, Salvação pela Graça será apenas mais uma frase dita pelo pregador.

Agora a boa notícia

Como lidar com alguém que desconfia de você, não deseja sua companhia, despreza seus conselhos e por fim lhe vira as costas e vai viver a vida do seu próprio jeito? Porque essa tem sido a forma como a humanidade tem tratado o seu criador!

É provável que assim como eu você tenha dificuldade para permanecer próximo de alguém que lhe virou as costas e dificilmente vai se esforçar para fazer algo de bom para seus desafetos.

A boa notícia, que as Escrituras chamam de Evangelho, é que Deus é diferente. Ele não levou em conta o fato de você o ter rejeitado. Desde o primeiro momento Ele já tinha mente um plano para nos trazer de volta.

Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Ef. 2.4-7

Ainda que Deus tivesse todos as razões para nos deixar ir pelo caminho da morte, Ele não nos abandonou. Que maravilhosa descrição feita pelo apóstolo Paulo sobre o nosso Deus! Acompanhe comigo os detalhes:

Rico em Misericórdia – Em vez de deixar a humanidade morrer por causa da decisão que tomou de rejeitar a fonte da vida, Ele encontrou uma forma de nos poupar das consequências da nossa rebeldia.

Rico em Graça – A graça de Deus é visível na forma bondosa com que Ele nos tratou. A nós que viramos as costas para Ele, Deus providenciou um meio eficaz de reconciliação, enviando Jesus Cristo para pagar o preço pelo nosso pecado.

Grande em Amor – O seu amor é anunciado por toda a Escritura! Foi esse amor que fez com Ele nos criasse a sua imagem e semelhança. Foi esse grande amor que planejou nos fazer novamente vivos. Por amor Ele continua nos convidando a confiar que seremos ressuscitados para a vida eterna e estaremos com Cristo em tudo que está planejado para a eternidade.

Salvos pela Graça

Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos. Ef. 2.8-9

O que fizemos para sermos alcançados pela misericórdia de Deus? O que Ele viu para agir bondosamente com você. O que fizemos para que ele nos amasse assim de forma tão extravagante? Nada! Então, o que nos cabe nisso tudo? Confiar no amor de Deus para conosco, demonstrado pelo fato de Cristo haver morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.

Essa disposição de Deus em nos salvar, quando nossa rebeldia nos fez virar as costas para ele, chama-se graça. Ela opera por meio da fé, da confiança. A graça de Deus é um lembrete de que ninguém pode contar vantagem diante dele, porque foi ele quem decidiu salvar e providenciou os meios para a salvação.

Quando alguém tenta ser fazer merecedor do favor de Deus está desprezando a graça de Deus. Sempre que alguém faz algo para tentar convencer a Deus de que é uma boa pessoa... e que já sofreu muito nesse mundo... e que por isso merece ser recompensado... está demonstrando que não compreendeu seu estado de morte nem o amor gracioso de Deus.

Mas não foi de graça

Há um outro aspecto importante sobre a salvação pela graça pela graça com o qual pretendo finalizar a reflexão de hoje: em nossa cultura as pessoas avaliam o valor das coisas pelo preço: se é caro então é bom, se é barato então é ruim e se estão dando de graça, então certamente não serve para nada.

Não que isso seja sempre verdade, mas algumas pessoas se confundem quando ouvem que somos salvos pela graça. Elas imediatamente pensam: é de graça! E algumas até desprezam a salvação, sem se darem conta de que foram enganadas pelo sentido das palavras. Foi pela graça, sim. Mas não foi de graça. Teve um preço. E um alto preço.

É como os presentes: embora não custem nada para quem os recebe, eles certamente custam algo para quem os dá. Da mesma forma, a salvação que nada nos custou, custou um alto preço para aquele que nos salvou. (1 Pe. 1.18-21)

A vida de vocês é uma jornada que deve ser empreendida com uma profunda consciência de Deus. Custou muito caro para Deus tirá-los daquela vida sem rumo e vazia em que vocês foram criados. Ele pagou com o sangue sagrado de Cristo, vocês sabem disso. Ele morreu como um cordeiro, sem culpa. E não foi algo impensado. Ainda que só agora, no fim dos tempos, o plano tenha vindo a público, Deus sempre soube o que ia fazer por vocês. É por causa do Messias sacrificado, a quem Deus depois glorificou e ressuscitou, que vocês confiam em Deus e sabem que têm um futuro nele. (1 Pe 1.18-21 AM)

Foi pela graça, mas não foi de graça. Custou caro, meus irmãos! O resgate por nossas vidas custou o sangue sagrado de Cristo. Assim como o cordeiro que foi providenciado por Deus para substituir Isaac, Jesus foi enviado pelo Pai para que nós fôssemos poupados da condenação eterna.

Foi pela graça, mas não foi de graça, meus irmãos! Custou a vida do Filho de Deus! Isso não foi um plano de última hora. Desde a eternidade estava tudo preparado para que no tempo certo o Pai enviasse o Filho, no poder do Espírito Santo, como prova do amor do Deus Trino pela humanidade.

Foi pela Graça, mas não foi de graça. Pregado em uma cruz como se fosse um bandido, antes de morrer, Jesus bradou: “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?  Aquele que não tinha pecado recebeu sobre si o peso dos pecados do mundo e sofreu a dor da separação do Pai. Não foi de graça!

Foi pela Graça de Deus que você foi salvo, mas não foi de graça! Se hoje você pode buscar a presença de Deus em oração e chamá-lo de Pai, saiba que isso custou o sangue Cristo derramado na cruz! Foi de lá, da cruz no Calvário, que ele bradou: está consumado. Então o véu do templo rasgou-se de cima a baixo e um novo e vivo caminho se estabeleceu ao coração do Pai.

Foi pela graça, mas não foi de graça. Aquele que pagou o preço da nossa salvação agora está junto ao Pai intercedendo por nós. Ele conhece as nossas lutas, ele sabe das nossas fraquezas, ele nos ama e está pronto a nos conceder misericórdia e graça, como afirma o escritor de Hebreus:

Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, (...) aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade. Hb 4.14-16 NVI

Concluo pedindo, como o apóstolo Paulo, ao Deus de toda graça, que nos restaure, confirme e nos ponha sobre os firmes alicerces do seu Evangelho.

16 julho 2016

Evangelho Autêntico - Quem é o meu próximo?


Evangelho Autêntico
Quem é o meu próximo?
 
Boa noite, irmãos e irmãs! Este é o nosso penúltimo encontro nesta série de pregações sobre o autêntico evangelho de Jesus. Até agora vimos que o evangelho está guardado sob algumas falas importantes de Jesus. Ele disse:

Eu vim para que tenham vida.

Eu vos aliviarei.

Sem mim nada podeis fazer.

Amai-vos com eu vos amei.

Hoje vamos nos deter no diálogo de Jesus com um intérprete da lei, um homem que gastava muito do seu tempo lendo, estudando e meditando nas Escrituras. Desse diálogo espero que possamos extrair mais um aspecto das boas novas anunciadas por Jesus.

Na conversa que teve com aquele estudioso, Jesus contou a história de um homem que viajava de Jerusalém para Jericó. Era uma viagem perigosa, descendo a serra, com caminhos estreitos e tortuosos.

Desde que Jesus a contou, essa história tem sido recontada, cantada, pintada e dramatizada repetidas vezes pelas gerações seguintes de seus seguidores. Grandes mestres da pintura já retrataram algumas de suas cenas, tentando capturar a força das palavras ditas pelo nosso Senhor.

Eu trouxe uma animação para nos lembrar qual é a história. Vamos ver.



Vejamos agora toda a história, conforme foi registrada no evangelho de Lucas:

25Certa ocasião, um perito na lei levantou-se para pôr Jesus à prova e lhe perguntou: "Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?"

26"O que está escrito na Lei?", respondeu Jesus. "Como você a lê?"

27Ele respondeu: " ‘Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’".

28Disse Jesus: "Você respondeu corretamente. Faça isso, e viverá".

29Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: "E quem é o meu próximo?"

30Em resposta, disse Jesus: "Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto.
31Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado.32E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado.

33Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele.34Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele.

35No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e disse-lhe: ‘Cuide dele. Quando voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver’.

36"Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? "

37 "Aquele que teve misericórdia dele", respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: "Vá e faça o mesmo". Lc 10. 25-37

Tudo começa com a tentativa de fazer uma pegadinha teológica com Jesus. De tanto estudar as Escrituras, aquele homem tornou-se um perito da lei. Nada havia escapado ao seu exame dedicado e meticuloso. Ele então, resolveu testar os conhecimentos de Jesus. Será que aquele jovem galileu tinha feito a lição de casa e estudado direitinho todos os ensinamentos das Escrituras Sagradas?

A pergunta feita foi sobre um tema muito polêmico nos dias de Jesus: a vida eterna. O que era preciso fazer para herdá-la? O estudioso da lei estava pronto para um grande debate teológico! Finalmente ele encontrara alguém à altura dos seus conhecimentos sobre as Escrituras. Quando terminou de perguntar, todos os olhos se voltaram para Jesus. Como seria a resposta dele?

Conheci um homem que era um estudioso muito detalhista da Bíblia. Ele era muito correto no seu procedimento e tinha um caderninho em que anotava suas dúvidas sobre os textos bíblicos. Sempre que alguém tentava conversar sobre a fé em Jesus e vida de relacionamento com o Senhor ele desconversava e acabava falando sobre o caderninho. Ele achava que para andar com Jesus era preciso resolver todas as dúvidas sobre as Escrituras. Em uma de nossas conversas eu lhe disse: “Quem já tem certeza não precisa de fé. A fé é a marca daqueles que não têm certeza, mas confiam.”.

Voltando a nossa história, Jesus não entrou no debate. A resposta dele foi uma pergunta: o que está escrito? Como você entende o texto sagrado? Não é interessante isso? Jesus poderia fazer uma bela e profunda exposição dos textos sagrados, mas não o fez. Ele poderia sair dali aplaudido como um profundo conhecedor da lei, mas não o fez. Ele preferiu dialogar. Por quê.

Penso que Jesus fez isso porque não era o debate das ideias ou a vitória do argumento que lhe interessava naquele momento. Diante dele havia uma pessoa que precisava descobrir mais sobre como viver o amor de Deus. Jesus estava mais interessado em facilitar essa descoberta.

A melhor maneira de facilitar a descoberta do amor de Deus é dialogar: ouvir, refletir, falar, refletir, ouvir, refletir... Vejo muito crente sedento por debates e discussões nas redes sociais. Muitas argumentações, grosseria, xingamento, desrespeito e pouquíssimo diálogo. É preciso repensar a forma como nos relacionamos nesses ambientes virtuais! Ninguém é obrigado a pensar ou crer exatamente como nós. Jesus sempre optou pelo diálogo para alcançar o coração das pessoas.

 O perito da lei sabia a resposta; perguntou o que sabia apenas para ficar mais à vontade no debate. Ele foi direto ao ponto: amar a Deus e amar ao próximo. Jesus, então disse: isso mesmo! Você está certo faça isso e viverá.

Até agora, o perito estava apenas estudando a lei, pensando sobre o que é certo e o que é errado, refletindo sobre qual o melhor caminho. Jesus, então, como um mestre cuidadoso, segurou na mão daquele homem e o convidou a dar um passo a mais: faça isso e viverá!


É assim o autêntico evangelho de Jesus! Ele vai além da simples reflexão, ultrapassa os estudos dedicados. O evangelho é mais que o um conjunto de regras e não se contenta apenas em saber o que é certo. O evangelho autêntico de Jesus nos chama experimentar a verdade em nossas próprias vidas.

Muitos de nós, que frequentamos as igrejas, nos acostumamos a apenas saber o que é certo. Quando é que você vai segurar na mão de Jesus e fazer o que já sabe que é certo? Ouvimos sobre perdão, mas não perdoamos. Entendemos a graça de Deus, mas continuamos tentando nos salvar a nós mesmo. Ouvimos sobre misericórdia, mas somos cruéis. Aprendemos sobre paz, mas vivemos em guerra com as pessoas. Choramos diante do sacrifício de Jesus não cruz, mas somos incapazes de pagar o preço necessário para manter a família unida, sustentar uma amizade antiga, ser fiel à esposa, ou sustentar o testemunho de Cristo no trabalho. Até quando irmãos, vamos viver assim?

Nossa história continua de forma bem interessante. Era de se esperar que o perito da lei se desse por satisfeito. Afinal de contas ele perguntou e Jesus confirmou que o entendimento que ele tinha da lei estava correto: a vida eterna é a herança daqueles que amam a Deus com todo seu coração, alma, forças e entendimento e amam ao próximo como a si mesmos.

No entanto, o estudioso das Escrituras não se contentou. Por quê? Primeiro, porque o debate que não aconteceu como ele imaginava: Jesus o transformou em um diálogo; segundo, porque se tudo terminasse ali ele sairia com um grande desafio prático: faze isso e viverá.

Nos jogos de computador ou no celular, todo mundo quer passar de fase. Tem gente que vira a noite até passar para fase seguinte do seu jogo preferido. Ali, de frente com o desafio de avançar e colocar sua fé em prática, aquele homem, crente nas Escrituras, não queria passar de fase. Então, ele fez uma pergunta, como quem derruba propositalmente uma árvore no meio da estrada em que está caminhando, e parou novamente: quem é o meu próximo?

Ainda hoje, meus irmãos, muitos de nós que somos da fé, fazemos a mesma coisa. Quando o evangelho nos alcança e nos convoca para viver a vida, colocamos obstáculos no meio da estrada. Quais são as suas árvores? O que impede você de abraçar o autêntico evangelho de Jesus? Quais são as coisas que primeiro você vai resolver para só então passar de fase? Por quanto tempo mais você vai permanecer apenas ouvinte do evangelho de Jesus? Não é a hora de fazer o que você já sabe ser certo?

Nossa história é um alento, um consolo para nossa caminhada com Cristo. Ela mostra como Jesus é realmente um mestre paciente e perseverante. Veja só:

Para ajudar o perito da lei a passar de fase, ele contou a história de um viajante que saiu de Jerusalém para Jericó. Todo mundo sabia que esse era um caminho perigoso. Uma descida de serra, cheia de curvas e voltas onde os assaltantes poderiam se esconder e com facilidade tomar de assalto quem por ali fosse passando. E foi exatamente isso o que aconteceu com o viajante da história. O homem foi roubado, espancado e deixado quase morto na beira da estrada.

Jesus continuou dizendo que outros dois homens passaram pela mesma estrada logo em seguida: um sacerdote e um levita. Os dois eram pessoas de fé e muito religiosas. Eles participavam diretamente do culto a Deus, por isso ambos eram tidos como pessoas que caminhavam perto de Deus.

Todos que ouviam a história esperavam que tanto o sacerdote quanto o levita socorressem aquele homem. Era o mínimo que se esperava deles: que o fato de eles serem pessoas tão próximas de Deus produzisse neles compaixão por aquele homem caído. Mas não foi isso que aconteceu. Os dois mudaram de calçada.

Nesse ponto da história, todos estavam em suspense. E agora? Se o sacerdote e o levita, pessoas de Deus, não pararam para ajudar, certamente este homem vai morrer ali na beira da estrada.

Jesus, no entanto, continuou a história. Um terceiro homem caminhava pela mesma estrada naquele dia: um estrangeiro da região de Samaria. Quando Jesus falou isso, todo mundo que estava ouvindo a história torceu o nariz (coçou a cabeça, mudou o lado que estava sentado...), porque havia uma disputa antiga entre os judeus e os samaritanos. Uma briga de família mal resolvida.

Claro que o samaritano ia passar direto! Se o pastor e o ministro de louvor passaram reto... aquele rapaz da renovação carismática católica não ia parar. Aliás, alguns deles estavam já torcendo para o samaritano passar direto. Nem se lembravam mais do sofrimento daquele homem, jogado na beira da estrada para morrer.

O samaritano também viu o homem ferido e gemendo. A história então, toma uma direção surpreendente. Ele olhou para o homem caído e encheu-se de compaixão diante do estado em que ele se encontrava. Interrompeu sua viagem, desceu de sua montaria, tratou e enfaixou as feridas do viajante, o pôs sobre seu próprio animal e o levou para uma pousada. Lá, ele passou a noite cuidando daquele desconhecido, para no dia seguinte prosseguir em sua viagem. Mais que isso, o homem de Samaria, ao sair, pediu que o dono da pousada continuasse cuidado do viajante desconhecido e se responsabilizou por todas as despesas.

A essa altura todos que ouviam a história, inclusive o perito da lei, estavam de boca aberta. O homem de Samaria, que não adorava Deus do jeito certo, que não sabia tudo o que era necessário a respeito de Deus, cuja família desde muitas gerações não acreditava em coisas errada a respeito de Deus, foram o único a fazer aquilo que todos sabiam ser a coisa certa a ser feita.

Precisamos reconhecer, meus irmãos, que o mero conhecimento das Escrituras não significa muita coisa se não houver também transformações em nossa maneira de viver. A mera participação em cultos e programações, que falam sobre o evangelho de Jesus, não tem muito valor se nossas atitudes para com as pessoas próximas de nós forem de amor e misericórdia. O autêntico evangelho de Jesus não pode ser plenamente vivido sem que você perceba as dores e o sofrimento daqueles que Deus colocar em seu caminho.

Vamos lembrar que a pergunta do perito da lei, aquele tronco que ele jogou meio da estrada para não avançar, era “Quem é o meu próximo”, isto é, quem eu devo amar. A pergunta do perito é sutil, porque pressupõe que nem todas as pessoas devem ser amadas, porque nem todas estão próximas. Então como eu saberei quem é o próximo que eu devo amar?

O perito da lei e todos que ouviam a história de Jesus estão prontos para sua conclusão. Ele a queriam ouvia da boca do jovem pregador. Quem é afinal o próximo a quem devo amar.

Então Jesus outra vez faz uma pergunta: “Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? ”. Vejam como Jesus muda a direção da conversa: o perito queria saber quem era o seu próximo, Jesus pergunta que se fez próximo do viajante na estrada; o mestre da lei queria saber quem ele deveria amar, Jesus pergunta quem amou; para o estudante das escrituras o importante era quem está próximo de mim o suficiente para que eu ame, para Jesus o que importava de quem você vai se aproximar para amar.

Qual deste três se aproximou do viajante assaltado, perguntou Jesus. Qual deles se fez próximo daquele homem e o amou não só da boca pra fora? O perito na lei não fugiu da pergunta: “aquele que teve misericórdia dele”.

Temos aqui uma vocação, um chamado do autêntico evangelho para todos os seguidores de Jesus: fazer-se próximo das pessoas para amá-las de fato e em verdade. Os seguidores de Jesus fazem como ele: não esperam que as pessoas se aproximem para amá-las, aproximam-se das pessoas para que possam amá-las.

Fazendo assim estamos imitando nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, que deixou a eternidade e se fez humano. Sentiu nossas dores, viveu nossas angústias e experimentou os nossos medos, para que seu amor por nós fosse completo. Ele se fez próximo de nós e nos chama para que nos façamos próximos daqueles que cruzam nosso caminho.

Começamos com a pergunta do perito da lei, “Quem é o meu próximo” e chegamos à pergunta de Jesus “De quem você vai se fazer próximo? ” A primeira pergunta é um tronco no meio da estrada, a segunda é caminho livre para passar de fase e experimentar o autêntico evangelho de Jesus. Que ele nos ajude na caminhada.