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16 julho 2016

Evangelho Autêntico - Quem é o meu próximo?


Evangelho Autêntico
Quem é o meu próximo?
 
Boa noite, irmãos e irmãs! Este é o nosso penúltimo encontro nesta série de pregações sobre o autêntico evangelho de Jesus. Até agora vimos que o evangelho está guardado sob algumas falas importantes de Jesus. Ele disse:

Eu vim para que tenham vida.

Eu vos aliviarei.

Sem mim nada podeis fazer.

Amai-vos com eu vos amei.

Hoje vamos nos deter no diálogo de Jesus com um intérprete da lei, um homem que gastava muito do seu tempo lendo, estudando e meditando nas Escrituras. Desse diálogo espero que possamos extrair mais um aspecto das boas novas anunciadas por Jesus.

Na conversa que teve com aquele estudioso, Jesus contou a história de um homem que viajava de Jerusalém para Jericó. Era uma viagem perigosa, descendo a serra, com caminhos estreitos e tortuosos.

Desde que Jesus a contou, essa história tem sido recontada, cantada, pintada e dramatizada repetidas vezes pelas gerações seguintes de seus seguidores. Grandes mestres da pintura já retrataram algumas de suas cenas, tentando capturar a força das palavras ditas pelo nosso Senhor.

Eu trouxe uma animação para nos lembrar qual é a história. Vamos ver.



Vejamos agora toda a história, conforme foi registrada no evangelho de Lucas:

25Certa ocasião, um perito na lei levantou-se para pôr Jesus à prova e lhe perguntou: "Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?"

26"O que está escrito na Lei?", respondeu Jesus. "Como você a lê?"

27Ele respondeu: " ‘Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’".

28Disse Jesus: "Você respondeu corretamente. Faça isso, e viverá".

29Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: "E quem é o meu próximo?"

30Em resposta, disse Jesus: "Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto.
31Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado.32E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado.

33Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele.34Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele.

35No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e disse-lhe: ‘Cuide dele. Quando voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver’.

36"Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? "

37 "Aquele que teve misericórdia dele", respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: "Vá e faça o mesmo". Lc 10. 25-37

Tudo começa com a tentativa de fazer uma pegadinha teológica com Jesus. De tanto estudar as Escrituras, aquele homem tornou-se um perito da lei. Nada havia escapado ao seu exame dedicado e meticuloso. Ele então, resolveu testar os conhecimentos de Jesus. Será que aquele jovem galileu tinha feito a lição de casa e estudado direitinho todos os ensinamentos das Escrituras Sagradas?

A pergunta feita foi sobre um tema muito polêmico nos dias de Jesus: a vida eterna. O que era preciso fazer para herdá-la? O estudioso da lei estava pronto para um grande debate teológico! Finalmente ele encontrara alguém à altura dos seus conhecimentos sobre as Escrituras. Quando terminou de perguntar, todos os olhos se voltaram para Jesus. Como seria a resposta dele?

Conheci um homem que era um estudioso muito detalhista da Bíblia. Ele era muito correto no seu procedimento e tinha um caderninho em que anotava suas dúvidas sobre os textos bíblicos. Sempre que alguém tentava conversar sobre a fé em Jesus e vida de relacionamento com o Senhor ele desconversava e acabava falando sobre o caderninho. Ele achava que para andar com Jesus era preciso resolver todas as dúvidas sobre as Escrituras. Em uma de nossas conversas eu lhe disse: “Quem já tem certeza não precisa de fé. A fé é a marca daqueles que não têm certeza, mas confiam.”.

Voltando a nossa história, Jesus não entrou no debate. A resposta dele foi uma pergunta: o que está escrito? Como você entende o texto sagrado? Não é interessante isso? Jesus poderia fazer uma bela e profunda exposição dos textos sagrados, mas não o fez. Ele poderia sair dali aplaudido como um profundo conhecedor da lei, mas não o fez. Ele preferiu dialogar. Por quê.

Penso que Jesus fez isso porque não era o debate das ideias ou a vitória do argumento que lhe interessava naquele momento. Diante dele havia uma pessoa que precisava descobrir mais sobre como viver o amor de Deus. Jesus estava mais interessado em facilitar essa descoberta.

A melhor maneira de facilitar a descoberta do amor de Deus é dialogar: ouvir, refletir, falar, refletir, ouvir, refletir... Vejo muito crente sedento por debates e discussões nas redes sociais. Muitas argumentações, grosseria, xingamento, desrespeito e pouquíssimo diálogo. É preciso repensar a forma como nos relacionamos nesses ambientes virtuais! Ninguém é obrigado a pensar ou crer exatamente como nós. Jesus sempre optou pelo diálogo para alcançar o coração das pessoas.

 O perito da lei sabia a resposta; perguntou o que sabia apenas para ficar mais à vontade no debate. Ele foi direto ao ponto: amar a Deus e amar ao próximo. Jesus, então disse: isso mesmo! Você está certo faça isso e viverá.

Até agora, o perito estava apenas estudando a lei, pensando sobre o que é certo e o que é errado, refletindo sobre qual o melhor caminho. Jesus, então, como um mestre cuidadoso, segurou na mão daquele homem e o convidou a dar um passo a mais: faça isso e viverá!


É assim o autêntico evangelho de Jesus! Ele vai além da simples reflexão, ultrapassa os estudos dedicados. O evangelho é mais que o um conjunto de regras e não se contenta apenas em saber o que é certo. O evangelho autêntico de Jesus nos chama experimentar a verdade em nossas próprias vidas.

Muitos de nós, que frequentamos as igrejas, nos acostumamos a apenas saber o que é certo. Quando é que você vai segurar na mão de Jesus e fazer o que já sabe que é certo? Ouvimos sobre perdão, mas não perdoamos. Entendemos a graça de Deus, mas continuamos tentando nos salvar a nós mesmo. Ouvimos sobre misericórdia, mas somos cruéis. Aprendemos sobre paz, mas vivemos em guerra com as pessoas. Choramos diante do sacrifício de Jesus não cruz, mas somos incapazes de pagar o preço necessário para manter a família unida, sustentar uma amizade antiga, ser fiel à esposa, ou sustentar o testemunho de Cristo no trabalho. Até quando irmãos, vamos viver assim?

Nossa história continua de forma bem interessante. Era de se esperar que o perito da lei se desse por satisfeito. Afinal de contas ele perguntou e Jesus confirmou que o entendimento que ele tinha da lei estava correto: a vida eterna é a herança daqueles que amam a Deus com todo seu coração, alma, forças e entendimento e amam ao próximo como a si mesmos.

No entanto, o estudioso das Escrituras não se contentou. Por quê? Primeiro, porque o debate que não aconteceu como ele imaginava: Jesus o transformou em um diálogo; segundo, porque se tudo terminasse ali ele sairia com um grande desafio prático: faze isso e viverá.

Nos jogos de computador ou no celular, todo mundo quer passar de fase. Tem gente que vira a noite até passar para fase seguinte do seu jogo preferido. Ali, de frente com o desafio de avançar e colocar sua fé em prática, aquele homem, crente nas Escrituras, não queria passar de fase. Então, ele fez uma pergunta, como quem derruba propositalmente uma árvore no meio da estrada em que está caminhando, e parou novamente: quem é o meu próximo?

Ainda hoje, meus irmãos, muitos de nós que somos da fé, fazemos a mesma coisa. Quando o evangelho nos alcança e nos convoca para viver a vida, colocamos obstáculos no meio da estrada. Quais são as suas árvores? O que impede você de abraçar o autêntico evangelho de Jesus? Quais são as coisas que primeiro você vai resolver para só então passar de fase? Por quanto tempo mais você vai permanecer apenas ouvinte do evangelho de Jesus? Não é a hora de fazer o que você já sabe ser certo?

Nossa história é um alento, um consolo para nossa caminhada com Cristo. Ela mostra como Jesus é realmente um mestre paciente e perseverante. Veja só:

Para ajudar o perito da lei a passar de fase, ele contou a história de um viajante que saiu de Jerusalém para Jericó. Todo mundo sabia que esse era um caminho perigoso. Uma descida de serra, cheia de curvas e voltas onde os assaltantes poderiam se esconder e com facilidade tomar de assalto quem por ali fosse passando. E foi exatamente isso o que aconteceu com o viajante da história. O homem foi roubado, espancado e deixado quase morto na beira da estrada.

Jesus continuou dizendo que outros dois homens passaram pela mesma estrada logo em seguida: um sacerdote e um levita. Os dois eram pessoas de fé e muito religiosas. Eles participavam diretamente do culto a Deus, por isso ambos eram tidos como pessoas que caminhavam perto de Deus.

Todos que ouviam a história esperavam que tanto o sacerdote quanto o levita socorressem aquele homem. Era o mínimo que se esperava deles: que o fato de eles serem pessoas tão próximas de Deus produzisse neles compaixão por aquele homem caído. Mas não foi isso que aconteceu. Os dois mudaram de calçada.

Nesse ponto da história, todos estavam em suspense. E agora? Se o sacerdote e o levita, pessoas de Deus, não pararam para ajudar, certamente este homem vai morrer ali na beira da estrada.

Jesus, no entanto, continuou a história. Um terceiro homem caminhava pela mesma estrada naquele dia: um estrangeiro da região de Samaria. Quando Jesus falou isso, todo mundo que estava ouvindo a história torceu o nariz (coçou a cabeça, mudou o lado que estava sentado...), porque havia uma disputa antiga entre os judeus e os samaritanos. Uma briga de família mal resolvida.

Claro que o samaritano ia passar direto! Se o pastor e o ministro de louvor passaram reto... aquele rapaz da renovação carismática católica não ia parar. Aliás, alguns deles estavam já torcendo para o samaritano passar direto. Nem se lembravam mais do sofrimento daquele homem, jogado na beira da estrada para morrer.

O samaritano também viu o homem ferido e gemendo. A história então, toma uma direção surpreendente. Ele olhou para o homem caído e encheu-se de compaixão diante do estado em que ele se encontrava. Interrompeu sua viagem, desceu de sua montaria, tratou e enfaixou as feridas do viajante, o pôs sobre seu próprio animal e o levou para uma pousada. Lá, ele passou a noite cuidando daquele desconhecido, para no dia seguinte prosseguir em sua viagem. Mais que isso, o homem de Samaria, ao sair, pediu que o dono da pousada continuasse cuidado do viajante desconhecido e se responsabilizou por todas as despesas.

A essa altura todos que ouviam a história, inclusive o perito da lei, estavam de boca aberta. O homem de Samaria, que não adorava Deus do jeito certo, que não sabia tudo o que era necessário a respeito de Deus, cuja família desde muitas gerações não acreditava em coisas errada a respeito de Deus, foram o único a fazer aquilo que todos sabiam ser a coisa certa a ser feita.

Precisamos reconhecer, meus irmãos, que o mero conhecimento das Escrituras não significa muita coisa se não houver também transformações em nossa maneira de viver. A mera participação em cultos e programações, que falam sobre o evangelho de Jesus, não tem muito valor se nossas atitudes para com as pessoas próximas de nós forem de amor e misericórdia. O autêntico evangelho de Jesus não pode ser plenamente vivido sem que você perceba as dores e o sofrimento daqueles que Deus colocar em seu caminho.

Vamos lembrar que a pergunta do perito da lei, aquele tronco que ele jogou meio da estrada para não avançar, era “Quem é o meu próximo”, isto é, quem eu devo amar. A pergunta do perito é sutil, porque pressupõe que nem todas as pessoas devem ser amadas, porque nem todas estão próximas. Então como eu saberei quem é o próximo que eu devo amar?

O perito da lei e todos que ouviam a história de Jesus estão prontos para sua conclusão. Ele a queriam ouvia da boca do jovem pregador. Quem é afinal o próximo a quem devo amar.

Então Jesus outra vez faz uma pergunta: “Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? ”. Vejam como Jesus muda a direção da conversa: o perito queria saber quem era o seu próximo, Jesus pergunta que se fez próximo do viajante na estrada; o mestre da lei queria saber quem ele deveria amar, Jesus pergunta quem amou; para o estudante das escrituras o importante era quem está próximo de mim o suficiente para que eu ame, para Jesus o que importava de quem você vai se aproximar para amar.

Qual deste três se aproximou do viajante assaltado, perguntou Jesus. Qual deles se fez próximo daquele homem e o amou não só da boca pra fora? O perito na lei não fugiu da pergunta: “aquele que teve misericórdia dele”.

Temos aqui uma vocação, um chamado do autêntico evangelho para todos os seguidores de Jesus: fazer-se próximo das pessoas para amá-las de fato e em verdade. Os seguidores de Jesus fazem como ele: não esperam que as pessoas se aproximem para amá-las, aproximam-se das pessoas para que possam amá-las.

Fazendo assim estamos imitando nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, que deixou a eternidade e se fez humano. Sentiu nossas dores, viveu nossas angústias e experimentou os nossos medos, para que seu amor por nós fosse completo. Ele se fez próximo de nós e nos chama para que nos façamos próximos daqueles que cruzam nosso caminho.

Começamos com a pergunta do perito da lei, “Quem é o meu próximo” e chegamos à pergunta de Jesus “De quem você vai se fazer próximo? ” A primeira pergunta é um tronco no meio da estrada, a segunda é caminho livre para passar de fase e experimentar o autêntico evangelho de Jesus. Que ele nos ajude na caminhada.